Do blog do John Cutrim
Em artigo publicado neste blog, o presidente estadual do PSB no Maranhão, Luciano Leitoa tratou de apaziguar os ânimos no partido. De estilo democrático e tom conciliador, Leitoa afirma, por exemplo, que em relação à eleição de São Luís o direcionamento será tomado de forma coletiva com os membros do PSB. A decisão da maioria será respeitada, garante Luciano, indicando que a mesma postura será seguida nos outros municípios. “O atual diretório e a executiva eleita em 2014, com mandato até 2017, tem a legitimidade e a autoridade, de decidir o que é melhor para o partido”, diz Luciano, com mandato até o dia 31/12/2017 na presidência do PSB no Maranhão.
Abaixo, a íntegra do artigo de Luciano Leitoa, prefeito de Timon e presidente estadual do PSB, enviado a este blog.
O PSB de Miguel a Eduardo
Há doze anos, tive a oportunidade de conhecer e ter convivido com um dos políticos mais promissores que o Brasil teve nos últimos anos. Recordo como se fosse hoje, eu com 23 anos, um jovem deputado federal, recebendo o convite do também deputado federal, Eduardo Campos, para fazer parte do PSB.
Um certo dia, no gabinete 529, do Anexo 4, na Câmara Federal, recebi a visita de Eduardo Campos. Conversamos muito e no final ele me fez o convite para ingressar no PSB. Eu estava no PDT naquele momento, partido que respeito muito e que até hoje tenho vários amigos e uma grande admiração. Ao me filiar, minha ficha foi abonada pelo saudoso Miguel Arraes, outro grande líder de nosso partido.
Percebi um homem de muitos talentos, que era admirado por várias pessoas e daquele momento em diante minha vida política tomou um outro rumo, inspirada na habilidade política e na humildade de Eduardo Campos. Ele fazia com que todos ao seu lado se sentissem parte do projeto construído pelo PSB. Sempre muito companheiro, sabia ouvir atentamente as pessoas e, principalmente, respeitar as decisões da maioria. Era isso que fazia dele um grande líder para todos nós. Um dos maiores ensinamentos deixados por Eduardo Campos e que soa como cartilha para quem deseja fazer política é uma frase que ele sempre repetia: “nunca perca a razão, a política é muito dinâmica, mas o respeito e o reconhecimento daqueles que o ajudam são os principais aliados de quem quer fazer a boa política”.
Foram muitos os momentos de aprendizado e, graças à proximidade, pude vivenciar o crescimento político que Eduardo Campos teve em tão pouco tempo, podendo eu afirmar, sem medo de errar, que tudo foi fruto do respeito aos que o ajudaram a construir o seu caminho. Pela forma como ele conduzia o partido, com responsabilidade e respeito aos militantes. Eduardo não esquecia aqueles que sempre o ajudaram, independentemente do cargo ou mandato que o filiado chegasse a assumir.
Com a carreira política em consolidação, Eduardo Campos foi eleito governador de Pernambuco e, quatro anos depois, foi reeleito com a maior votação já vista no Brasil pós Ditadura, 82,9% dos votos no estado. Reforçando que tudo foi fruto do trabalho, diálogo, reconhecimento dos aliados e respeito aos adversários.
Em junho de 2013, fui conduzido, sob homologação da Executiva Nacional, ao comando do PSB no Maranhão. Nessa época, o partido já estava sobe intervenção e quem presidia o partido era o atual presidente nacional, Carlos Siqueira. Em outubro do mesmo ano fui convidado para fazer parte da Executiva Nacional. Em 2014, fui eleito presidente da Executiva Estadual e também reconduzido à Executiva Nacional até novembro de 2017.
Carrego comigo as características de quem é do Partido Socialista Brasileiro. Um partido onde quem lidera são as necessidades do povo brasileiro, um partido cuja as demandas coletivas sobrepõem a necessidade de existência de uma única voz. O PSB é forjado na luta, na tradição e no debate. Suas decisões são sempre pautadas no processo democrático e é isso que mantém a nossa referência. Temos em nossa marca a pomba branca, que simboliza não só a paz, mas também o voo de quem observa que os passos do presente, são refletidos no futuro.
O PSB tem várias lideranças nacionais e esse foi um dos grandes legados deixados por Eduardo Campos e por aqueles que comungam de suas ideias. A compreensão de socialismo e democracia são coisas difíceis de se aplicar quando não se vive e não se constrói a unidade em cima do respeito a todos que fazem um partido. Recentemente, quando veio a proposta de fusão com o PPS, apenas o PSB de Pernambuco e o do Maranhão, em sua maioria, se posicionaram contra. Respeito muito o PPS, por ter abraçado a candidatura de Eduardo Campos, mas o partido precisa de um tempo maior para refletir sobre sua condução depois da morte do nosso líder e é isso que o partido vem fazendo. Aprovamos em reunião da Executiva Nacional que a independência deve ser mantida, sendo importante ter a responsabilidade que o agora exige. Somente quem vivenciou os momentos difíceis que passamos, pode compreender essa posição do partido. E mesmo assim, em meio à toda a adversidade e complexidade, temos tido o cuidado de respeitar a opinião de todos, em todos os lugares.
No Maranhão, nas eleições de 2014, o PSB, juntamente com outros partidos, foi fundamental no sucesso da candidatura de Flávio Dino. Lembro-me de uma reunião que participei em Teresina, a convite do Eduardo Campos, e o ouvi dizer para uma pessoa que pedia apoio político para as eleições no Maranhão, a seguinte frase: “Flávio tem sido correto até agora, não tem porque desfazer o compromisso com ele, apenas desfazemos compromissos com quem não reconhece a nossa participação no processo e não cumpre o prometido.” Tem uma frase que o ex-prefeito Chico Leitoa diz sempre: “gratidão é palavra de ordem”. E isso sempre vi Eduardo Campos fazer na prática, são atitudes que nos ensinaram que o PSB é maior do que qualquer filiado.
No atual cenário que vivemos, a crise política e econômica tem forçado a antecipação do calendário eleitoral. Muitas discussões têm se antecipado ao processo político. Como gestor sei do momento difícil que os municípios têm passado, como político e presidente estadual do PSB no Maranhão, tenho tido o cuidado com as situações que se apresentam e uma das mais complexas é a de São Luís.
Na capital temos a única cidade com segundo turno no estado e o PSB tem a intenção de lançar candidaturas em todas as capitais onde tiver um nome viável. Conheço o prefeito Edivaldo Holanda Júnior, na sua eleição de 2012 participei de algumas atividades juntamente com Eduardo Campos, sendo o vice de sua chapa indicado por nosso partido. Após as eleições, o prefeito não teve um diálogo com o PSB e nas eleições de 2014, o já prefeito Edivaldo, acompanhou a Dilma, seguindo a orientação nacional do seu partido. Aqui vale reforçar que é a executiva nacional do partido quem decide sobre as eleições nas capitais, mas tem uma coisa que a Executiva Nacional do PSB sempre fez: respeitar a decisão da maioria e a maioria do partido de forma coletiva tem o entendimento e está trabalhando uma candidatura, dentro de uma discussão coletiva, pois o atual diretório e a executiva eleita em 2014, com mandato até 2017, tem a legitimidade e a autoridade, de decidir o que é melhor para o partido. O PSB é uma legenda forte, não podendo, ou devendo, se apequenar no processo político. Em São Luís, confirmando a nossa candidatura e nosso partido indo para o segundo turno, conversaremos com as forças políticas consonantes com nosso projeto e não indo, discutiremos qual o melhor caminho.
Finalizo citando Miguel Arraes: “Acho que o personalismo em política é um erro, nós devemos é lutar para que surjam quadros novos (…). A posição de chefe, em política, é um grave defeito, um grave erro”. (1979)
Luciano Leitoa
Presidente estadual do PSB
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