Foto - Ilustração.
Matéria extraída de Jornal Impresso: (Pinto, Virgilio. "Dança do lê lê, agora é mais conhecida". O Estado do Maranhão. São Luís, 06 de abril de 1977.
Por Virgilio Pinto
Imagine só uma brincadeira que ao iniciar tem a seríssima obrigação de só terminar depois que o sol se levanta. Sim, a tradição reza que se a última parte da dança do lê-lê, ou péla-porco (encontrada em Rosário e adjacências), só pode ser iniciada depois que o dia começa a clarear. A não obediência a este hábito poderá indispor os brincantes com os deuses.
O desfecho da manifestação, o cajueiro, já vai encontrar os participantes de corpo e cabeça pesada, pois os passos rápidos e cestrosos, entremeados de muita cachaça, dão por demais condições para isso.
A dança do lê-lê não tem horário previsto para o início. Como também dispensa maiores detalhes e ou alegoria. O ambiente, então, é o mais simples possível. O salão, se assim pode ser chamado, improvisa-se. Não raro é de terra batida-agoado antes do início da festa para evitar a poeira, ao ar livre e cercado de palmeiras. Em São Simão, por exemplo.
Até o sol nascer
São bem variados os passos do lê-lê. Mesmo assim, a dança tem quatro fases distintas: chorado, dança grande, talavera e cajueiro. O chorado inicia a festa. Os brincantes se encontram e, alternadamente, vão trocando os pares. A dança grande é a segunda e a maior das quatro partes do lê-lê. Com característica própria, os passes entretanto lembram a quadrilha, embora sejam mais complicados. Os brincantes usam o vai-e-vem da tradicional dança junina brasileira, mas a diferença se antecipa logo na castanhola que cada participante carrega.
A terceira parte do lê-lê é a tolaveira, que começa geralmente, depois das quatro da manhã e vai até o sol nascer, quando os brincantes iniciam o cajueiro, que fecha a dança.
Temas variados
Todo o decorrer da dança se faz acompanhar por conjunto musical, formado à base de cavaquinho, violão, pandeiro. Não raro entretanto receba pífano e banjo são responsáveis pela marcação dos temas. Isso parece depender mais da disponibilidade dos instrumentistas.
Junto com estes instrumentos estão os cantadores, onde o forte é o improviso, embora alguns cheguem a mostrar versos decorados ou com temas já utilizados em outras oportunidades. Isso entretanto não quebra a harmonia da manifestação, pois os temas já tanto conhecidos são usados apenas em horas próprias. Obedecem variações que tanto podem falar de problemas do dia-a-dia como escapar através de uma sátira aos presentes.
Mas a espontaneidade, apesar da organização da dança, parece mesmo dominar o lê-lê. As reuniões apresentam número de pares variados, e a festa apesar de não conhecer líder-coordenador é comandada pelo brincante mais velho ou que melhor conhece a festa. É o mandante ou cabeceira, que orienta os pares quando estes começam a se perder na dança.
Por Virgilio Pinto
Imagine só uma brincadeira que ao iniciar tem a seríssima obrigação de só terminar depois que o sol se levanta. Sim, a tradição reza que se a última parte da dança do lê-lê, ou péla-porco (encontrada em Rosário e adjacências), só pode ser iniciada depois que o dia começa a clarear. A não obediência a este hábito poderá indispor os brincantes com os deuses.
O desfecho da manifestação, o cajueiro, já vai encontrar os participantes de corpo e cabeça pesada, pois os passos rápidos e cestrosos, entremeados de muita cachaça, dão por demais condições para isso.
A dança do lê-lê não tem horário previsto para o início. Como também dispensa maiores detalhes e ou alegoria. O ambiente, então, é o mais simples possível. O salão, se assim pode ser chamado, improvisa-se. Não raro é de terra batida-agoado antes do início da festa para evitar a poeira, ao ar livre e cercado de palmeiras. Em São Simão, por exemplo.
Até o sol nascer
São bem variados os passos do lê-lê. Mesmo assim, a dança tem quatro fases distintas: chorado, dança grande, talavera e cajueiro. O chorado inicia a festa. Os brincantes se encontram e, alternadamente, vão trocando os pares. A dança grande é a segunda e a maior das quatro partes do lê-lê. Com característica própria, os passes entretanto lembram a quadrilha, embora sejam mais complicados. Os brincantes usam o vai-e-vem da tradicional dança junina brasileira, mas a diferença se antecipa logo na castanhola que cada participante carrega.
A terceira parte do lê-lê é a tolaveira, que começa geralmente, depois das quatro da manhã e vai até o sol nascer, quando os brincantes iniciam o cajueiro, que fecha a dança.
Temas variados
Todo o decorrer da dança se faz acompanhar por conjunto musical, formado à base de cavaquinho, violão, pandeiro. Não raro entretanto receba pífano e banjo são responsáveis pela marcação dos temas. Isso parece depender mais da disponibilidade dos instrumentistas.
Junto com estes instrumentos estão os cantadores, onde o forte é o improviso, embora alguns cheguem a mostrar versos decorados ou com temas já utilizados em outras oportunidades. Isso entretanto não quebra a harmonia da manifestação, pois os temas já tanto conhecidos são usados apenas em horas próprias. Obedecem variações que tanto podem falar de problemas do dia-a-dia como escapar através de uma sátira aos presentes.
Mas a espontaneidade, apesar da organização da dança, parece mesmo dominar o lê-lê. As reuniões apresentam número de pares variados, e a festa apesar de não conhecer líder-coordenador é comandada pelo brincante mais velho ou que melhor conhece a festa. É o mandante ou cabeceira, que orienta os pares quando estes começam a se perder na dança.
Adorei saber mais sobre o Lele.
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