Paulo Melo Sousa (Colaboração)
Poucos sabem, mas o carnaval fora de época começou mesmo por estas bandas. Bem antes da folia baiana se espalhar pelo país em forma de modismo, já gastávamos o restinho de gás da folia momesca uma semana depois do carnaval oficial. O velho Lava Pratos de São José de Ribamar resistiu durante anos até que o forró eletrônico e o axé tomassem conta de uma brincadeira que marcou época, mas que se transformou na mesmice que tomou conta da folia de muitos municípios maranhenses, algo sem identidade, totalmente fora de contexto.
Apesar dessa perda cultural, ainda sobrevive um carnaval que mantém as raízes na tradição, o carnaval do povoado de São Simão, uma pequena, porém significativa cidade de Rosário, que consegue aglutinar uma boa quantidade de foliões da região do Munim e da capital maranhense duas semanas após o término do carnaval. São dois dias de folia, com início neste sábado e término no domingo, nos quais se apresentam blocos tradicionais e organizados, além das tradicionais turmas de samba, num período que já foi batizado de Bis de São Simão ou Lava Pratos de São Simão, e que promete substituir em importância o descaracterizado carnaval de São José.
Quando se faz referência à tradição, muitos torcem o nariz. No entanto, é justamente aí que se alicerça a diversidade da qual tanto se fala no estado mas pouco se pratica. Não é assim com alguns grupos, que se alinham na resistência cultural mais autêntica e valiosa. Para quem não sabe ou não deseja saber, as atuais escolas são herdeiras das velhas Turmas de Samba, donas de uma batida única, bem maranhense, com sotaque nativo, diferente da batida apressada e nervosa que se verifica atualmente nas apresentações da Passarela do Samba, em São Luís. Dessa época ainda perduram alguns nomes desses grupos tradicionais, como a Turma de Mangueira, oriunda do João Paulo, e a Turma do Quinto.
Dessa raiz também sobrevive o ritmo dos blocos carnavalescos tradicionais, dos quais o velho Vira-Latas (surgido em 1933) ainda perdura como grata memória. Um grupo de cadetes trouxe dos morros da capital carioca, na época, o samba de raiz das escolas de samba, e o ritmo foi adaptado, cristalizou-se, sobreviveu aos modismos e adentra o terceiro milênio com toda a sua autenticidade harmônica. Assim como os blocos, algumas escolas de samba de vários municípios maranhenses ainda são verdadeiras guardiãs de um estilo único, específico de levar o samba.
Nesse contexto, podemos citar a Escola de Samba Cadete do Samba, de Pedreiras, e ainda a Guia do Samba e a Unidos de São Simão, ambas do município de Rosário. Aí existe a presença do sotaque maranhense, algo a ser preservado, com o devido estímulo a esses grupos que ainda produzem uma sonoridade ímpar. Essa batida será levada em São Simão ao longo deste final de semana. No município também existe a escola Mangueira do Samba, que já possui uma trajetória de mais de 70 anos, preservando não somente a sonoridade, mas também os instrumentos musicais cobertos com peles de animais (crivador, ritinta, marcação e duas-por-uma), proporcionando nos seus desfiles um espetáculo de rara beleza.
No ano passado, São Simão recebeu a visita do grupo Fuzileiros da Fuzarca, de São Luís, também pra lá de setentão, que foi homenageado na cidade e realizou um grande arrastão carnavalesco pelas ruas de São Simão. Neste ano, a dose se repetiu e a presença do grupo, ali, poderá se tornar, também - anualmente - uma “nova” tradição.
Segundo o presidente da Câmara de Vereadores de Rosário, vereador Magno Nazar, “o Lava Pratos de São Simão já é uma tradição de mais de 30 anos, e sempre atrai milhares de pessoas durante a sua realização; procuramos priorizar as apresentações de grupos tradicionais da própria região, além das serestas e apresentações de grupos carnavalescos locais”. O Bis de São Simão teve como precursor seu Zé de Barros, que mais tarde foi sucedido pelo senhor Anilton Pedroso. Com o falecimento deste, a brincadeira foi adotada pelo vereador Nazar, a Associação dos Barraqueiros e a associação da Casa das Velhas. A iniciativa poderá se transformar em patrimônio imaterial, bastando para tanto o empenho dos governantes locais e estaduais.
Neste ano, Rosário sediou um dos mais animados carnavais do Maranhão, tendo á frente o entusiasmo e o apoio do prefeito Bimba, que prestigia também o Lava Pratos. A brincadeira foi garantida, com a presença da Secretaria de Saúde do município, Drª Antonia, além da participação efetiva da 7ª Companhia da Polícia Militar, sob o comando do Major Donjie. “Tivemos, como sempre, um carnaval autêntico, marcado pela presença de grupos que honram a tradição cultural do Maranhão, com muita segurança e muita paz, o que significa para nós motivo de orgulho e satisfação”, completou o animado vereador folião Magno Nazar.
Apesar dessa perda cultural, ainda sobrevive um carnaval que mantém as raízes na tradição, o carnaval do povoado de São Simão, uma pequena, porém significativa cidade de Rosário, que consegue aglutinar uma boa quantidade de foliões da região do Munim e da capital maranhense duas semanas após o término do carnaval. São dois dias de folia, com início neste sábado e término no domingo, nos quais se apresentam blocos tradicionais e organizados, além das tradicionais turmas de samba, num período que já foi batizado de Bis de São Simão ou Lava Pratos de São Simão, e que promete substituir em importância o descaracterizado carnaval de São José.
Quando se faz referência à tradição, muitos torcem o nariz. No entanto, é justamente aí que se alicerça a diversidade da qual tanto se fala no estado mas pouco se pratica. Não é assim com alguns grupos, que se alinham na resistência cultural mais autêntica e valiosa. Para quem não sabe ou não deseja saber, as atuais escolas são herdeiras das velhas Turmas de Samba, donas de uma batida única, bem maranhense, com sotaque nativo, diferente da batida apressada e nervosa que se verifica atualmente nas apresentações da Passarela do Samba, em São Luís. Dessa época ainda perduram alguns nomes desses grupos tradicionais, como a Turma de Mangueira, oriunda do João Paulo, e a Turma do Quinto.
Dessa raiz também sobrevive o ritmo dos blocos carnavalescos tradicionais, dos quais o velho Vira-Latas (surgido em 1933) ainda perdura como grata memória. Um grupo de cadetes trouxe dos morros da capital carioca, na época, o samba de raiz das escolas de samba, e o ritmo foi adaptado, cristalizou-se, sobreviveu aos modismos e adentra o terceiro milênio com toda a sua autenticidade harmônica. Assim como os blocos, algumas escolas de samba de vários municípios maranhenses ainda são verdadeiras guardiãs de um estilo único, específico de levar o samba.
Nesse contexto, podemos citar a Escola de Samba Cadete do Samba, de Pedreiras, e ainda a Guia do Samba e a Unidos de São Simão, ambas do município de Rosário. Aí existe a presença do sotaque maranhense, algo a ser preservado, com o devido estímulo a esses grupos que ainda produzem uma sonoridade ímpar. Essa batida será levada em São Simão ao longo deste final de semana. No município também existe a escola Mangueira do Samba, que já possui uma trajetória de mais de 70 anos, preservando não somente a sonoridade, mas também os instrumentos musicais cobertos com peles de animais (crivador, ritinta, marcação e duas-por-uma), proporcionando nos seus desfiles um espetáculo de rara beleza.
No ano passado, São Simão recebeu a visita do grupo Fuzileiros da Fuzarca, de São Luís, também pra lá de setentão, que foi homenageado na cidade e realizou um grande arrastão carnavalesco pelas ruas de São Simão. Neste ano, a dose se repetiu e a presença do grupo, ali, poderá se tornar, também - anualmente - uma “nova” tradição.
Segundo o presidente da Câmara de Vereadores de Rosário, vereador Magno Nazar, “o Lava Pratos de São Simão já é uma tradição de mais de 30 anos, e sempre atrai milhares de pessoas durante a sua realização; procuramos priorizar as apresentações de grupos tradicionais da própria região, além das serestas e apresentações de grupos carnavalescos locais”. O Bis de São Simão teve como precursor seu Zé de Barros, que mais tarde foi sucedido pelo senhor Anilton Pedroso. Com o falecimento deste, a brincadeira foi adotada pelo vereador Nazar, a Associação dos Barraqueiros e a associação da Casa das Velhas. A iniciativa poderá se transformar em patrimônio imaterial, bastando para tanto o empenho dos governantes locais e estaduais.
Neste ano, Rosário sediou um dos mais animados carnavais do Maranhão, tendo á frente o entusiasmo e o apoio do prefeito Bimba, que prestigia também o Lava Pratos. A brincadeira foi garantida, com a presença da Secretaria de Saúde do município, Drª Antonia, além da participação efetiva da 7ª Companhia da Polícia Militar, sob o comando do Major Donjie. “Tivemos, como sempre, um carnaval autêntico, marcado pela presença de grupos que honram a tradição cultural do Maranhão, com muita segurança e muita paz, o que significa para nós motivo de orgulho e satisfação”, completou o animado vereador folião Magno Nazar.
Caro Paulo Melo Sousa,
ResponderExcluirParabéns pela sua ótima crônica-reportagem. O tema e seus argumentos e relatos são oportunos, pertinentes e muito bem escritos.
E mais uma vez o RN também de parabéns pela excelente cobertura do carnaval rosariense.
Grande abraço a todos.