Líder do bando ainda telefonava para debochar das vítimas
Investigando o caso desde setembro do ano passado, somente nos últimos dias o delegado Carlos Alberto Damasceno, titular da Delegacia de Miranda do Norte, conseguiu fechar o cerco e desarticular uma quadrilha que atuava em três estados e é especializada em aplicar golpes contra empresas e depósitos de gêneros alimentícios e de material de construção.
De acordo com o delegado, já estão presos o líder do bando, um irmão dele, duas mulheres, o motorista e outro membro da quadrilha, que tem ramificação em vários municípios. A quadrilha é responsável por cerca de 20 golpes no Maranhão, Piauí e Ceará, cuja “desova” era feita em São Mateus, Pinheiro, Bacabeira, Rosário, São José de Ribamar, Peritoró e Bacabal.
“Doutor” e falso dono de granja - O delegado Damasceno já tomou o depoimento dos envolvidos e também revelou a maneira como a quadrilha aplicava os golpes. Girlaílson Silva Araújo, o “Girlan”, se apresentava bem vestido, denominando-se “Dr. fulano” - dava um nome qualquer -, dizia ser dono de granja, pecuarista ou empresário de outra atividade.
Depois de “um dedo de prosa com as vítimas”, ele comprava cargas de milho (para suas granjas), material de construção para as fazendas e gêneros, e marcava em qual município queria receber a mercadoria. Daniel Silva Araújo, o “Punk”, irmão dele, se encarregava dos telefonemas pedindo pressa na “entrega” e fazia contatos com os donos de caminhões que transbordariam a carga. Girlan e Punk são de Alto Alegre/Coroatá, mas moravam em pousadas e hotéis de alguns municípios.
Pedro Alves Rodrigues era o motorista e utilizava um Fiat Uno prata, com placa de Zé Doca, para em companhia de José Anuar Nunes Filho, monitorar a carga até o local determinado, onde o caminhão vazio aguardava a “desova”. Além dos quatro, duas mulheres: Leidiane Pereira da Silva e Francicleide Lopes Silva, que seriam amantes “preferenciais” dos irmãos golpistas, também foram detidas e confessaram participação em farras e orgias em Alto Alegre, onde o bando se reunia para comemorar os golpes, esbanjar dinheiro e ainda telefonar para as vítimas, com pilhérias e deboches, segundo o delegado.
20 toneladas de milho apreendidas - O prejuízo das vítimas ainda não foi avaliado, porque parte das cargas ainda estão sendo recuperadas. Damasceno afirmou, no entanto, que pelo menos quatro cargas desviadas foram recuperadas nesta semana: cerca de 20 toneladas de milho (400 sacas), 200 caixas de café Maratá, além de telhas, tijolos e cimento em grande quantidade. Dois dos caminhões que faziam o transbordo do roubo são de Santa Rita e um é de Miranda do Norte, cujos donos já foram interrogados. As cargas foram apreendidas em Pinheiro, Rosário e São Mateus.
Aguarda outras vítimas - De acordo com o delegado Carlos Alberto Damasceno, as investigações continuam e para efetuar as prisões ele contou com apoio do Serviço de Inteligência e da Polícia Militar. O delegado acredita que a partir da divulgação da prisão e do modo de operar do bando, outras vítimas com certeza vão aparecer. Os envolvidos tiveram prisão preventiva decretada pela Justiça e todos os mandados foram cumpridos pela autoridade policial.
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